Gente, isso é o cumulo da ignorância. Segundo a Fonte: Nordeste 1, rejeitado até na igreja, corpo é velado na rua. O fato é que um Padre não permitiu velório pois atrapalharia Terço dos Homens. Seu Aurélio Rodrigues tinha só 54 anos, mas parecia ter bem mais que 60, resultado de um corpo bombardeado pelo tempo e pelos anos de trabalho na enxada. Era bem conhecido no Bairro Marabaixo, Zona Oeste da capital, Macapá, onde capinava quintais por R$ 30 ou R$ 50. Depois de quatro meses de peregrinação em unidades da rede pública, ele nunca descobriu o que tinha de verdade, mas as dores eram grandes. A jornada sofrida terminou dentro de um caixão na praça do bairro na manhã da quarta-feira, 1º, depois de ter sido rejeitado até pela paróquia da comunidade onde vivia. O capinador era natural do Maranhão, e vivia sozinho em um barraco de madeira de 4 metros de largura por 4 metros de cumprimento no Marabaixo I. Tinha um casal de filhos. A moça mora em Laranjal do Jari, no Sul do Estado, e os vizinhos contam que é extremamente pobre. O filho mais velho tem família, também é braçal, e mora em outro bairro. Quando começou a sentir dores, há cerca de quatro meses, teve a ajuda dos vizinhos que iniciaram uma peregrinação pela rede pública. Desconfiavam que era um problema na próstata.
“Sempre que íamos ao Hospital de Emergência aplicavam remédios pra dor, mas nunca faziam os exames nele porque diziam que não tinha como fazer. Não tinha equipamentos”, conta o amigo e vizinho Josias Souza, que é funcionário público. Seu Aurélio morreu na manhã da terça-feira, 30/06, esquecido pelo poder público, mas não pelos amigos. Ele estava internado no Hospital de Santana à espera da cirurgia. Um médico informou que foi infecção generalizada. Depois de tanto sofrimento, uma última humilhação ainda estava por vir. Os amigos foram até a paróquia de Santa Terezinha, no Marabaixo I, pedir ao padre que o velório fosse realizado no local. “Mas o padre disse que ia atrapalhar a missa e o terço dos homens. Faltou boa vontade”, queixa-se Gato. Os amigos não tiveram outra escolha se não levar o corpo para a praça do bairro, o local mais aberto que poderiam arrumar e onde ninguém se oporia. Foi a última situação de constrangimento na sofrida jornada de seu Aurélio. Ó Wall!!!
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05 de JULHO de 2010
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