Oberdan Cattani: a muralha alviverde
Meus amigos Palmeiresse, achei muito interessante o texto publicado no Estação Palestra (http://www.estacaopalestra.com.br/) no Dia 28 de abril, que foi o Dia do Goleiro e decidi compartilhar com vocês. Realmente recomendo a leitura, pois é um dever palmeiresse conhecer a história daquele que foi o primeiro ídolo que passou pela nossa famosíssima Academia de Goleiros.
A palestrinidade dos pais Ernesto e Candida Cattani não deixaram que o filho fosse contra o próprio coração e destino. Antes de chegar ao Palestra Itália, Oberdan Cattani, com então 16 anos, defendia o Sete de Setembro, de Sorocaba, cidade natal e já havia sido convidado a fazer testes no Santos e Corinthians, a família não deixou. Pela vontade dos pais e dele, só jogaria no Palestra Itália. Por aquelas coisas inexplicavéis da vida, jogou um ano só em outro clube, um só jogo contra o Palmeiras, seu e nosso eterno Palestra Itália.
Antes de jogar no Palestra, Oberdan assistia com alguma frequência os treinos da equipe, num desses profetizou, olhando para o guarda-metas da época: “Ainda vou roubar o lugar deste sujeito”. Em 3 de novembro de 1940 aquele lugar era seu, até 7 de maio de 1954. Nesses 14 anos, Oberdan Cattani fez 351 jogos pelo Palestra Itália/Palmeiras. Em toda carreira, contando Seleção Brasileira e Paulista, conquistou 19 títulos. Chegou ao Palestra por intermédio de seu tio Athos e só na terceira tentativa foi chamado pelo técnico Caetano de Domênico. E Oberdan já mostrou ser diferenciado. O treinador lhe mandava as bolas e ele defendia. A última, forte, no meio do gol, Caetano esperava uma devolução com soco, ele segurou a bola… com uma mão. Era Oberdan!
Oberdan Cattani foi voz ativa nos episódios que antecederam a troca de nome em 1942. Daquele time, era um dos mais indignidos com a injustiça que o Palestra Itália sofria: “Foi um tempo doloroso para todos nós. O clube foi obrigado a mudar de nome por uma imposição, obrigaram a tirar não só a palavra ‘Itália’ do nome, como também o ‘Palestra’. A ferida continua aberta: “Os corintianos são rivais dos palmeirenses; os são paulinos, inimigos”. …E ainda não cicatrizou: “Na minha época, torcedor do Palmeiras não podia ouvir falar no São Paulo, era o mesmo que falar no diabo”. Porém, encontrou um remédio para amenizar a dor: “Mas foi bom que o time mudasse de nome. Assim, quebrou-se o estigma de time de italianos e o clube ficou aberto a novos torcedores, de outras raças e nacionalidades. O Palmeiras democratizou o futebol”. Na final do Paulista de 1942, o primeiro jogo da Sociedade Esportiva Palmeiras, Oberdan foi um dos entraram carregando a bandeira brasileira. Quando o jogo estava 3 x 1 para o Palmeiras e Oberdan já se sagrava o primeiro goleiro a ganhar um título com o novo nome, o São Paulo fugiu de campo. Enquanto o São Paulo fugia de campo, deu-se um tumulto e nosso zagueiro Turcão se viu encurralado por dois fujões, Oberdan interviu pegando as cabeças daqueles que fugiam e bateu uma contra a outra. Acabou a confusão. E mais uma vez, o São Paulo fugiu de campo.
A década de 40 foi a Década Sem Copas, por conta da Segunda Guerra Mundial, uma grande pena para aquele que era a grande Muralha palestrina e do Brasil. Prova disso é a campanha que o Mappin fez junto a A Gazeta Esportiva, quando em 1947 ofereceram uma geladeira a quem conseguisse marcar um gol em Oberdan. O gol saiu no último jogo do Paulista, com o Palmeiras já Campeão, contra o Corinthians. Gol de Turcão, contra. Turcão na levou a geladeira, havia comprado uma na semana anterior, no mesmo Mappin, com o dinheiro de sua renovação com o Palmeiras.
Se a Segunda Guerra fez Oberdan perder uma Copa do Mundo, a de 1950 ele não jogou por sua personalidade. Quando era convocado, discutia com cartolas e deixava clara a insatisfação com algumas convocações. A personalidade forte de Oberdan não agradava Flavio Costa, técnico da Seleção. Em 1951 jogou a sua Copa do Mundo, a Copa do Mundo do Palmeiras. Na primeiro fase quando o Palmeiras foi derrotado pela Juventus-ITA por 4 x0 0, Oberdan foi injustamente acusado de ser o culpado pelos dirigentes palmeirenses. Mesmo assim não foi barrado, não jogou a final, mas por uma contusão que não poderia vir em hora mais inoportuna. Em 1954, o fim de uma Era, por exclusiva vontade do presidente Paschoal Giuliano. Ninguém melhor que o próprio Oberdan para contar o que houve: “Eu tive proposta de ir embora pro estrangeiro, mas a gente não mudava de clube. Agora, se eu soubesse o que ia acontecer comigo dentro do Palmeiras… Eu peguei um presidente incompetente, o Paschoal Giuliano que já foi pro outro lado. Ele viajou comigo pro Chile e quando eu tive a proposta do Colo Colo, ele falou “não, Oberdan é filho da casa e não vai sair dela”. Fomos pro México, e foi a mesma coisa. Eu esperava encerrar a carreira dentro do Palmeiras. E o que eu ganhei com isso? Quando acabou meu contrato, eu ganhava 10 contos por mês. O presidente reduziu, dando 5 contos. Depois me chamou e me deu passe livre. Foi quando fui pro Juventus.” Em 20 de outubro de 1954 fez a sua única partida contra o Palmeiras, vitória palmeirense por 3 x 2. Em 13 de dezembro do mesmo ano sai do gol para sempre, Juventus 2 x 1 Ypiranga, pelo Campeonato Paulista… onde começou, no Palestra Itália.
O Estatuto do Palmeiras impede que qualquer jogador que tenha disputado uma partida contra o Palestra Itália/Palmeiras receba um busto no clube. O único impecilho para que Oberdan não acompanhe Junqueira, Waldemar Fiume e Ademir da Guia na nossa sala de troféus a céu aberto. Mas em 2003, a justiça foi feita com as mãos de Oberdan eternizadas na sala de troféus interna do clube (foto no topo) e a frase: “Estas mãos simbolizam a grandeza de espírito e a segurança demonstrada pelo ‘Goleiro do Século’, na defesa de nossa equipe em uma época que jamais será esquecida”. O São Paulo, aquele clube que fugiu de campo em 1942, também prestou uma homenagem à Oberdan, o entregou uma placa onde está escrito: “Uma homenagem do São Paulo Futebol Clube a uma das maiores barreiras que já enfrentamos; Oberdan Cattani”.
A Muralha Oberdan Cattani jogou em uma época em que a bola era pesada, não existiam luvas nem prepadores do goleiros, muito menos gramado debaixo de seus pés, mesmo assim foi diferente em sua época. Na Era Oberdan Cattani, ele foi a bandeira de um Palestra perseguido e de um Palmeiras Campeão. Sempre será o primeiro da nossa Escola de Goleiros. Em 12 de junho, OBERDAN CATTANI completou 91 anos. É conselheiro do Palmeiras.
INAUGURAÇÃO DO BLOG
05 de JULHO de 2010
Páginas
Visualizações
AUTOR DO BLOG
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário