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quinta-feira, 26 de julho de 2012
Para não esquecer
(Celso Furtado - Foto)
Paraibano Celso Furtado, economista que criou a Sudene, completaria hoje 92 anos. Há 92 anos, aos 26 de julho de 1920, nascia em Pombal, Celso Furtado, o paraibano cavaleiro andante que se tornou cidadão do mundo. O economista que fundou a Sudene morreu no Rio de Janeiro aos 20 de novembro de 2004, em seu apartamento, aos 84 anos, de infarto fulminante. O Instituto Nacional do Semiárido, em Campina Grande tem o nome de Celso Furtado. No Rio de Janeiro, por sugestão do então presidente Lula ao próprio Celso, em 2004, foi criado o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Tem cerca de 200 sócios e apoio do BNDES, Petrobras, Caixa, Eletrobras, Banco do Nordeste e Banco do Brasil. É um centro irradiador de projetos e políticas inovadoras no combate à fome, à pobreza e aos gargalos do desenvolvimento. É uma justa homenagem a um dos maiores economistas do século XX. No ano 2000 o Governo da Paraíba publicou em parceria com o Sebrae a revista ‘Celso aos 80’, uma homenagem ao aniversariante. Em trecho de uma entrevista reproduzida pela revista o economista afirmou o seguinte sobre seu gosto pela leitura, pelo conhecimento: “Meu pai tinha uma grande biblioteca e me criei cercado de livros... Romances, literatura. Tinha também muitos livros de história. Havia em casa uma coleção grande, de uns vinte volumes – a História Universal, de Cesare Cantú. Meu pai era um homem de leitura. Graças a ele, desde minha infância li Swift, Defoe, R.L. Stevenson. E também graças a ele dispus de uma grande biblioteca, o que me permitiu cultivar minha primeira paixão intelectual, a partir dos quatorze anos, que foi a história”. Intelectual de esquerda - A respeito de ser um intelectual de esquerda Celso Furtado declarou: “Minha formação intelectual deu-se sob uma tríplice influência. Fui inicialmente seduzido pelo positivismo, a ideia de que a ciência fornece o conhecimento em sua forma mais nobre. Não era o otimismo primário, mas a confiança na ciência experimental como meio de descobrir os segredos da natureza”. E prossegue o economista: “Em seguida manifesta-se a influência de Marx por intermédio de Karl Mannheim, o homem da sociologia do conhecimento, que colocou o saber científico em um contexto social. Esse é o ponto de partida de meu interesse pela história como objeto de estudo. A terceira corrente de pensamento que me influenciou foi a sociologia norte-americana por intermédio de Gilberto Freyre. Casa Grande e Senzala revelou-me a dimensão cultural do processo histórico. Considero relevante que minha descoberta do marxismo se haja dado por intermédio da sociologia do conhecimento. Quando li O Capital (bem mais tarde) já sabia suficiente macroeconomia moderna para não me seduzir pelo determinismo econômico que tinha explicação para tudo à custa de simplificar o mundo”. E continua Celso Furtado: Com estas três perspectivas, o positivismo, o marxismo mannheiniano e a sociologia americana, eu estava preparado para enfrentar qualquer coisa. Tudo isso aconteceu quando eu ainda estava no Ginásio. Aí, passei a organizar seminários e debates, li livros estrangeiros e abri as portas. Tive a fortuna de que tudo isso aconteceu antes de 1937 porque, com a ditadura Vargas o Brasil se fechou”, concluiu o cidadão do mundo.
A seguir alguns tópicos de sua trajetória no Brasil e em outros países.
Em 1939 foi morar no Rio de Janeiro. No ano de 1944 conclui o curso de Direito no Recife e é convocado para a Força Expedicionária Brasileira. Embarcou em 1945 para a Itália como aspirante a oficial. Torna-se Doutor em Economia pela Universidade de Paris, no ano de 1948 e casa-se com Lúcia Tosi. No ano de 1960 o Congresso aprova a lei que cria a Sudene. Celso é um dos fundadores e nomeado seu primeiro superintendente no governo Juscelino Kubitschek. Em 62 o presidente o nomeia ministro do Planejamento. Antes, em 1961 tem encontro com o presidente dos Estados Unidos John Kennedy, em Washington e com Che Guevara em Punta del Este. Em 1963 retorna à Sudene, concebe e implanta a política de incentivos fiscais na região. Em 1964 tem os direitos políticos cassados por dez anos pelo Ato Institucional nº 1, na ditadura militar. No ano de 1979 retoma a vida política no Brasil, filia-se ao PMDB e casa-se com a jornalista Rosa Freire d’ Aguiar. No ano de 1985 é designado embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Europeia. Em 1986 é nomeado ministro da Cultura pelo presidente Sarney. No ano de 1997 é criado o Prêmio Celso Furtado pela Academia de Ciências do Terceiro Mundo. Nesse ano é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Celso Furtado também assumiu diversas funções no exterior e no Brasil. Celso Furtado iniciou os estudos secundários no Liceu Paraibano em 1932, aos 12 anos de idade e concluiu-os no Ginásio Pernambucano, em Recife. Sobre seu tempo na mais tradicional escola pública da Paraíba o futuro economista fez o seguinte relato: “No Liceu Paraibano havia um seminário de confrontação de idéias e recordo-me de que fiz uma conferência, citei Max Beer e outros escritores de esquerda. Os integralistas caíram em cima de mim com críticas acerbas”. As declarações acima são do economista Celso Furtado publicada no ano 2000 na revista ‘Celso aos 80’, por ocasião do “Seminário Celso Furtado e o Pensamento Latino Americano”. O evento marcou os 80 anos do idealizador da Sudene. Vejamos outro depoimento do mestre Furtado: “O período que vai de 1930 a 1937, quando ingressei no mundo como pessoa pensante, foi extraordinariamente rico no Brasil, porque o país reencontrou-se com seus problemas”. Foi contemporâneo, nos bancos do Liceu, do jovem Ascendino Leite. Celso Furtado concluiu os estudos em Recife, no Ginásio Pernambucano, porque naquela época não havia no Liceu o curso completo. No Liceu o futuro criador da Sudene aprendeu inglês e francês. Na tradicional escola, o adolescente foi um dos líderes do movimento de esquerda. Segundo ele próprio, “líder puramente intelectual porque não tinha qualquer atividade política”. Por muitos é considerado o mais importante intelectual paraibano, o cidadão do mundo é um dos ‘Paraibanos do Século XX’. Ó Wal !!!
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