Por coincidência, na semana em que nos deparamos com uma triste notícia que uma jovem carioca de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens no Rio, conheci, também no Rio, Márcia, 27 anos, homossexual e grávida, pedindo dinheiro para comer, próxima aos Arcos da Lapa. Comprei um lanche pra ela e, após se alimentar, curioso que sou, perguntei o porquê dela estar grávida, principalmente pelo fato de ser homossexual (não que lésbicas não possam engravidar, claro). E foi com os olhos marejados que me contou sua história, a qual, com profunda tristeza, compartilho com vocês: ela foi estuprada por vários caras (sim, mais de um, dois, três caras, foram vários!) na praia da Barra, no Rio de Janeiro, após beber e ficar desacordada. Disse-me que foi muito agredida, acordou toda ensanguentada e muito machucada. Após um tempo, descobriu que estava grávida e, fortemente, decidiu ter a criança. Márcia hoje mora num prédio invadido na Lapa, não tem renda nenhuma, e se alimenta pedindo comida na rua. Contou-me que passou 19 dias sem comer, sem ter onde morar, carregando uma gravidez que foi fruto da maior brutalidade que o ser humano é capaz de praticar. Márcia, lésbica, 27 anos, é mais uma estuprada, não por causa da roupa curta, da "beleza", da "provocação", e sim pelo único e exclusivo fato de SER MULHER. Mais uma pra estatística de que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Mais uma que colocará uma criança indefesa no mundo, sem condições mínimas para criá-la. Márcia, lésbica, não pediu para ser estuprada, não usou roupa curta, não provocou. Márcia é só uma mulher, é só mais uma. Peço-lhes que reflitam e guardem a imagem de Márcia na mente, e lembrem-se de que a vítima, EM NENHUMA HIPÓTESE, TEM CULPA. NÃO AO ESTUPRO! NÃO À DOMINÂNCIA MACHISTA!
DF!! Ó Wall!!!
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