Por: ROBERTO ALMEIDA - jornalista
Patrícia no papel do personagem de Jorge Amado, nos anos 90. Natural do Recife, Patrícia França, começou sua carreira de atriz ainda criança, atuando em peças teatrais na capital pernambucana. Depois veio a chance de trabalhar no Sudeste e a artista, então com pouco mais de 20 anos, se destacou em algumas novelas da Globo, como Renascer, A Padroeira e Chocolate com Pimenta.
Seu grande papel na Globo, porém, foi Tereza Batista, na minissérie da emissora baseada no romance de Jorge Amado. À época, com rosto ainda de menina, Patrícia parecia uma “nova Sônia Braga”, interpretando tão bem o personagem criado pelo escritor baiano, quanto a atriz mais velha fez quando viveu “Gabriela, Cravo e Canela”. Tereza Batista Cansada de Guerra, como outros livros de Jorge Amado, tem doses generosas de sensualidade, com crítica social e política. Na trama do romance, bem adaptado para a televisão, o autor critica o abuso da polícia, volta a mexer com a igreja, escancara a hipocrisia da chamada alta sociedade, que peca durante a semana e vai se penitenciar no domingo assistindo a missa. O escritor critica abertamente a força do dinheiro, que corrompe padres, comerciantes, políticos e juízes.
GUERREIRA - A atriz pernambucana esteve muito bem como a “guerreira” que enfrentou a tirania e se impôs numa sociedade machista, usando os seus atributos femininos, mas também a determinação e a coragem. Depois do começo promissor na TV Globo, Patrícia França parece ter perdido um pouco do prestígio dos primeiros tempos e durante alguns anos trabalhou em novelas da TV Record. No cinema fez o papel da Tieta jovem (1996), numa outra adaptação de livro de Jorge Amado. Trabalhou também em“Orfeu”, de Cacá Diegues e pelo menos mais meia dúzia de filmes nacionais. Marcou presença também no teatro, com alguns papeis importantes, o último deles na peça “Ou Tudo ou Nada”, de 2015. Por sinal o ano passado Patrícia voltou a trabalhar na Globo, fazendo um personagem de destaque em “Malhação. Aos 44 anos, mãe de dois filhos adolescentes, a pernambucana demonstrou, em entrevistas mais recentes, se preocupar com a passagem do tempo e admite que não é mais a “garotinha sarada”, dos tempos de Tereza Batista. Patrícia, no entanto, mesmo sem o jeito brejeiro de menina que encantou o país; com ares de senhora, continua uma mulher muito bonita. Seus familiares, que continuam morando no Recife, têm motivos de sobras para se orgulhar da artista que um dia conquistou o Brasil. Ó Wall!!!
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05 de JULHO de 2010
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