INAUGURAÇÃO DO BLOG

05 de JULHO de 2010

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Estervalder Freire dos Santos - Ó Wall; sou blogueiro desde 2010. Terminei o Ensino Médio em 1988, não tenho Ensino Superior, Criei o Blog Só Pudia Ser Ó Wal com a ajuda dos amigos: Cristiane Sousa, Ibermon Macena, Jackson Douglas, Junior Cunha e Rodrigo Viany. Sou totalmente eclético só para expor minhas ideologias.... O blog possuí muitos textos, mas nada especifico, acredito que sejam um pouco de tudo e pouco do nada, mas também há outros. Divirta-se.

domingo, 25 de setembro de 2016

O RACISMO EM MONTEIRO LOBATO

Por: ROBERTO ALMEIDA - jornalista
Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, interior de São Paulo, fez o Curso de Direito na capital paulista e ainda atuou como promotor. Foi também fazendeiro e editor de livros, além de militante de causas nacionalistas, como a denominada “o petróleo é nosso”. Ficou conhecido, mesmo, foi como escritor pioneiro de histórias infantis, principalmente com a obra “O Sítio do Pica Pau Amarelo”. O livro mais famoso de Lobato foi adaptado para a televisão várias vezes, a primeira ainda na época da TV Tupi. Na Globo, foi um sucesso durante décadas. Mas se os livros infantis de Lobato lhe renderam prestígio e reconhecimento, geraram também polêmica. Alguns críticos viram atitudes racistas do escritor na apresentação de personagens como Tia Anastácia, que é comparada a uma macaca em um dos seus romances. Para botar “mais lenha na fogueira” a Revista Bravo publicou, tempos atrás, cartas inéditas do autor paulista em que ele defende a Ku Klux Klan americana, uma organização racista, integrada por brutamontes reacionários que queimavam as casas dos negros, espancavam e matavam as pessoas de cor. Em outra carta ele se posiciona também a favor da eugenia, a purificação das raças, que foi praticada em larga escala pelos nazistas comandados por Adolf Hitler. A discussão sobre o racismo de Monteiro Lobato vem de muitos anos e num dos últimos vestibulares da Unicamp, de São Paulo, foi incluído na relação de leituras para as provas o conto “Negrinha”, uma das histórias para adultos do escritor nascido em Taubaté. Possivelmente os professores que adotaram o texto queriam alimentar a discussão. “Negrinha”, porém, é mais a uma crítica ao espírito de escravidão que continuava no Brasil mais de duas décadas após a abolição. O livro, que inclui outras histórias com a mesma temática foi publicado em 1920. O conto título é muito bom e nele Lobato faz uma crítica mordaz a uma senhora branca que trata uma pobre menina de cor, órfã, como a um animal. Era "caridosa, bondosa, amiga dos padres", mas tinha esse comportamento terrível em relação à negrinha, que nem mesmo teve direito a um nome em sua curta existência. Quanto à negra Anastácia, do Sítio do Pica Pau Amarelo, tudo indica que foi criado para homenagear uma empregada dos pais de Monteiro Lobato, com quem ele conviveu na infância. Assim, o escritor seria simpático ao personagem e alguns termos usados com relação à tia no livro “Reinações de Narizinho”, considerados racistas, poderiam representar o contexto da época ou mesmo uma crítica velada a quem comparava os negros aos macacos. O que pesa mais contra o respeitado romancista são as tais cartas. Mas quem sabe Lobato abraçou algumas ideias reacionárias e preconceituosas num período equivocado, podendo depois ter revisto seus conceitos? Afinal de contas personagens importantes da História do Brasil, como Dom Hélder Câmara, que chegou a ser chamado de “o bispo vermelho”, na juventude foi integralista, um movimento de extrema direita criado no país que flertou com o fascismo da Itália e o nazismo alemão. É triste admitir as posições racistas de Monteiro Lobato, o escritor que encantou as crianças do Brasil com seus livros, o homem que defendeu o país contra trustes estrangeiros e que chegou a ser preso por suas posições políticas avançadas, na ditadura de Getúlio Vargas. De todo modo, se ele foi infeliz em alguns momentos de sua vida e escreveu cartas que comprometeram sua imagem de pessoa correta e justa, em sua obra ele permanece grande e mesmo o conto “Negrinha”, é uma pequena obra prima que mais parece um libelo contra os racistas do que o contrário. Ó Wall!!!

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