INAUGURAÇÃO DO BLOG

05 de JULHO de 2010

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AUTOR DO BLOG

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Estervalder Freire dos Santos - Ó Wall; sou blogueiro desde 2010. Terminei o Ensino Médio em 1988, não tenho Ensino Superior, Criei o Blog Só Pudia Ser Ó Wal com a ajuda dos amigos: Cristiane Sousa, Ibermon Macena, Jackson Douglas, Junior Cunha e Rodrigo Viany. Sou totalmente eclético só para expor minhas ideologias.... O blog possuí muitos textos, mas nada especifico, acredito que sejam um pouco de tudo e pouco do nada, mas também há outros. Divirta-se.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O natal do seu Zé

Gente, amigos leitores, próximo ao sinal de trânsito que fica localizado no cruzamento das avenidas Maximiano Figueiredo com a Duarte da Silveira, em João Pessoa - PB, lá existe um senhor magro, desdentado e aparentando uns 70 anos, se posta, todos os dias, debaixo de chuva ou de sol, pedindo esmolas aos motoristas que são obrigados a parar por imposição da luz vermelha. Estira a mão para 12, 13 carros e raramente o atendem. Os donos dos carros, refastelados nas poltronas e ao abrigo de gelados sopros do ar condicionado, estão apressados demais para dar atenção àquela figura remendada, de chapéu poído na cabeça e um saco nas costas, vazio. Eu mesmo passei várias vezes pelo local sem nada dar ao misterioso homem. Ontem resolvi conversar com ele, forçado pelo incidente de ter um pneu furado do carro do meu amigo nas proximidades do pedinte. Ele, chama-se Luiz, veio do sertão trazido pela seca. Sempre trabalhou. Criou uma família de sete filhos, junto com Amélia, sua mulher há 30 anos. Com a seca grande, foi mandado embora da propriedade, sem eira nem beira, obrigando-se a rumar, sem destino, pelas estradas quentes do sertão nu de chuva e de mato, até aportar na periferia de João Pessoa. Construiu um casebre na favela Cangote do Urubu, porém a idade avançada e a falta de leitura não o deixaram outra alternativa a não ser pedir esmolas debaixo do semáforo. Duas filhas mulheres ganharam a vida. Trocam o resto de carne que lhes sobrou por alguns míseros reais. Frequentam a praça Pedro Américo no centro da Capital, que mesmo estando localizada em frente ao tradicional Teatro Santa Roza (recentemente pintado pelo Governo) e ao lado do quartel do Comando da Polícia Militar, foi rebatizada pelos seus frequentadores como a "Praça da Gala". Seu Luiz ainda tem as mãos cheias de calos. Calos conseguidos no cabo da enxada, limpando mato, arrancando toco, destruindo formigueiros e colhendo milho para aumentar a produção do patrão. Antigamente, lembra, o calo da mão valia como cheque em branco. Homem caleijado tinha crédito na praça e merecia respeito. Aqui na Capital, porém, seus calos não sensibilizam os granfinos que rumam nos carrões em direção ao trabalho, os mesmos granfinos que fazem questão de parar diante das câmeras dos colunistas de frivolidades, para se apresentarem como beneméritos das causas sociais. Gente, seu Luiz será o símbolo do meu natal. Com certeza o pedaço de peru vai inchar na minha boca, quando lembrar que ele retornou para casa, na noite deste dia 24, levando no bolso apenas algumas minguadas moedas que mal dão para comprar um ovo de granja. Ó Wall!!!

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