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segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Rafinha, a galinha
Gente, entremos com cuidado no terreno desta postagem, porque é tênue a linha que nos separa da maldade da galhofa. O que quero posta hoje, morte de um animal de estimação, assunto que invadiu os meios de comunicação há poucos dias. Posto levemente para não machucar os sentimentos de pessoas simples e amorosas que viram sua dor ser transformada em um espetáculo grotesco pelas redes sociais e pela grande mídia. Todo mundo sabe o que aconteceu: Na cidade de Patos-PB, Dona Genecira criava uma galinha há cinco anos, Rafinha, a galinha, era bem tratada, como todo animal de estimação: ia ao veterinário, tomava banho com sabonete de coco, dormia em berço com ventilador. Um dia, Rafinha desapareceu, para o desespero de Dona Genecira e sua família. Uma semana depois, a policia prendeu um suspeito que confessou ter trocado a galinha por duas pedras de crack. A partir daí, segue-se uma série de acontecimentos que amplificaram a dor de Dona Genecira, transformando-a em um espetáculo grotesco servido de grandes porções pelos meios de comunicação. Foi o oportunismo de um humorista local, que o levou a divulgar no youtube uma música ridicularizando a perda de Dona Genecira. Não satisfeito, o humorista pediu a permissão dela para fazer o enterro simbólico de Rafinha. Mais de mil pessoas compareceram ao tal velório. Muitas delas foram prestar uma solidariedade sincera a família. Outras, foram apenas em busca de diversão. Até o prefeito passou por lá em busca de votos. Secesso nas redes sociais, o enterro atraiu a grande mídia. Quem viu as fotos ou assistiu aos videos pode constatar: em meio a toda a balbúrdia , a expressão da família de Dona Genecira é de dor e sofrimento. Mas isso não interessava a ninguém. Fechamos com cuidado este poste. Vamos deixar em paz a família de Dona Genecira para fazer o luto de sua perda. Pois esta é a única coisa que ela quis fazer. Chorar sua dor pelo desaparecimento de um ente querido que foi trocado por duas pedras de crack. Gente, pois é aqui que reside toda a miséria e brutalidade que escapou do estardalhaço da grande mídia. Ó WAL !!!!
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