Por: ROBERTO ALMEIDA - jornalista
Quando “Gabriela, Cravo e Canela” foi lançado, em 1958, o poeta Vinícius de Moraes escreveu um texto saudando a obra de Jorge Amado como “o melhor romance da literatura brasileira”. O “poetinha”, como era chamado, se mostrou entusiasmado com o livro e na sua resenha crítica aponta a evolução do escritor baiano, que a seu ver quando começou sua carreira literária, com “O País do Carnaval”, lançou um romance cheio de falhas.
Jorge Amado foi reconhecido em vida não apenas por Vinícius - um nome de respeito nas letras nacionais -, mas por muitos outros intelectuais de renome. Para alguns, pelo conjunto de obra o autor de “Tieta”, “Tereza Batista”, “Mar Morto, “Capitães da Areia” e “Jubiabá” foi merecedor do Prêmio Nobel de Literatura. Infelizmente ele não veio e o Brasil está até hoje sem este reconhecimento nas letras, como não tem um único Oscar no cinema.
GABRIELA – O romance mais conhecido de Jorge Amado ganhou três versões na televisão – uma na antiga TV Tupi e duas na Globo – e uma no cinema. Sônia Braga, no auge da beleza, interpretou a morena duas vezes: uma na telinha e outra no cinema, contracenando com o ator italiano Marcelo Mastroianni, que viveu o sírio Nacib, marido de Gabriela. Por conta principalmente das versões audiovisuais, ficou o estereótipo de romance sensual, levando alguns a imaginar que “Gabriela, Cravo e Canela” é basicamente sexo. É também isso e ver Sônia Braga inteiramente nua, com o corpo perfeito e uma cabeleira imensa se destacando nas partes baixas, pode fazer qualquer um esquecer as inúmeras qualidades do romance.
Juliana Paes, a Gabriela da segunda versão da novela na Globo, também é uma mulher bonita de rosto e de corpo, que deu sua contribuição para reforçar a sensualidade do personagem. Jorge Amado, em seu livro, conta a história da transformação de Ilhéus, na década de 20, quando a cidadezinha começa a crescer, adota novos costumes e se torna um polo exportador de cacau, uma das riquezas do município e da Bahia. No romance está tudo de uma cidade do interior pequena com potencial de virar um centro mais importante: a luta pela terra, o poder dos coronéis, a força dos padres, a instituição da fofoca, o machismo, a submissão das mulheres, o desejo de mudança, as dificuldades para superar o atraso e atingir o ansiado progresso. Outros livros da literatura brasileira batem nesta mesma tecla, mas dificilmente um autor consegue produzir um texto poético como Jorge Amado, que ao mesmo tempo cria uma galeria de personagens inesquecíveis: Gabriela, Malvina, Glória, Mundinho Falcão, coronel Ramiro Bastos, o Capitão, o Doutor, professor Josué, o negro Fagundes, Tonico Bastos e muitos outros que parecem saltar das páginas do livro e ganhar vida cá fora. Quase 60 anos passados desde que “Gabriela” foi publicado pela primeira vez o romance continua atual, cheio de vida, de sensualidade, crítico em relação ao mandonismo, às hipocrisias da sociedade, da burguesia e da Igreja. É um livro que merece ser lido e relido muitas vezes e que supera, muito, as adaptações para a televisão e o cinema, apesar do talento de Sônia Braga e do diretor Bruno Barreto. Bom mesmo é ler Jorge Amado, que parecia escrever no ritmo da respiração, com uma competência que poucos têm, conquistando os corações, as mentes e a própria alma de quem se aprofunda no seu texto rico, saboroso e ardente. Salve o imortal baiano e sua linda Gabriela! Na foto reproduzida do Google as atrizes Sônia Braga e Juliana Paes, que interpretaram Gabriela em diferentes momentos. Ó Wall!!!
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sábado, 12 de março de 2016
A ATUALIDADE DE GABRIELA, CRAVO E CANELA
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14:09
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