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05 de JULHO de 2010

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Estervalder Freire dos Santos - Ó Wall; sou blogueiro desde 2010. Terminei o Ensino Médio em 1988, não tenho Ensino Superior, Criei o Blog Só Pudia Ser Ó Wal com a ajuda dos amigos: Cristiane Sousa, Ibermon Macena, Jackson Douglas, Junior Cunha e Rodrigo Viany. Sou totalmente eclético só para expor minhas ideologias.... O blog possuí muitos textos, mas nada especifico, acredito que sejam um pouco de tudo e pouco do nada, mas também há outros. Divirta-se.

quinta-feira, 24 de março de 2016

O jejum

Por: Tião Lucena
Na Semana Santa se relembra o sofrimento de Jesus Cristo, que foi morto pelos romanos, acoloiados com os Judeus, porque defendia os pobres. Se Jesus tivesse optado pelos ricos, como fizeram os bispos, padres e papas que o sucederam, teria morrido velhinho e hoje não estariamos aqui falando da sua morte enquanto enchemos o bucho de vinho, peixe no coco e brêdo. O interessante é que nos solidarizamos com Cristo bebendo e comendo. Nem jejum tem mais. Aliás, nunca teve. Quando eu era menino em Princesa Isabel estava cansado de ver pessoas que nunca pediram esmolas, saírem de porta em porta pedindo um "jejunzinho". E ninguém achava nada demais. Alguém achava, digo melhor. Vendo aquele monte de meninos e mulheres pedindo jejum nas portas, eu também resolvi engrossar fileiras e partir pelas ruas da cidade implorando o jejum de Jesus. Na quarta casa dei de cara com papai, o velho Miguel Lucena, que me engrossou o lombo com boas lapadas de cinturão. Ainda hoje me lembro, para jamais cair de novo na tentação de pedir jejum como esmola. Mas eu falava da comida e do brêdo. Não sei se o considerado e a considerada aí do Sul conhece o mato. É mato mesmo, nascido e criado nos monturos e quintais das casas. Passa o ano inteiro esquecido, mas quando chega a Semana Santa todo mundo aqui do Nordeste lembra dele. Você coloca as folhas para cozinhar com leite de coco e depois serve junto com o peixe. Tem gente que esquece o pescado para se concentrar somente nele. Come que fica lerdo. Por aqui está havendo uma revolta danada com o bispo Dom Marcelo. A revolta é dos bois, galinhas, bodes e porcos, que tinham sempre uma folguinha durante a Semana Santa e este ano vão continuar morrendo e indo para as tripas dos católicos, exatamente porque o religioso liberou geral. Achando que estão cobrando os olhos da cara por um quilo de peixe, o arcebispo mandou todo mundo comer carne. Não é pecado não. Pecado é não comer. Os bois, coitados, já fizeram assembléia, com a participação dos seus irmãos bodes e porcos e de suas primas galinhas, para lançarem um manifesto de protesto contra o bispo. Eles dizem que merecem a folga da Semana Santa, mesmo porque os rebanhos sofreram muito durante este ano por causa da aftosa e da vaca louca. Se entendam eles com o bispo. Afinal, são brancos. Esta noite tive um sonho meio estranho. Sonhei que comprei uma cioba de quatro quilos e já estava levando a vermelhona para dona Cacilda preparar quando ela abriu os olhos e falou que era um rapaz alegre, natural do Recife, que resolveu fazer a travessia do atlântico com outro amiguinho, mas caiu na rede de alguns pescadores de Tambaba, acabando ali nas minhas mãos pronto a virar pirão de peixe. Salvou-se disso por conta do susto que me deu. Joguei o danado de volta ao mar e juro que o vi sair requebrando em direção ao Recife, dando tchauzinho pra mim lá de longe. São coisas da Semana Santa. Ó Wall!!!

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