Em João Pessoa, precisamente no Bairro de Tambaú, uns amigos me falaram do padre Waldemir: “Não é um padre normal, este não tem papas na lingua e seus sermões são muito críticos, revolucionários, e isso em um bairro rico”. Sou Espirita e não resistimos à tentação, amigos vão ao domingo à sua missa e comprovamos in situ que era certo, sua mensagem tinha um forte tom crítico que não se escuta na Igreja tradicional. Depois da celebração esses amigos foram falar com ele e prontualmente aceitou amavelmente encontrar-se com esses amigos em outro momento para que eles realizásem uma entrevista. Assim esses amigos o fizeram, assim pude comprovar é certo o que nossos amigos dizíam, o padre Waldemir não tem papas na lingua e fala do que pensa sem filtros. Na conversação tratamos temas que podem ser conflitivos. Quem é o padre Waldemir Santana.
- Sou uma pessoa de 49 anos que leva 19 como religioso. Estive no seminário desde os 19 até os 30. Nesse período fiz 4 anos de filosofia, outros 4 de teologia, um mestrado em filosofia e outros 2 anos de filosofía na Itália. Faz 15 anos que sou o pároco da Paróquia de Santo Antonio de Lisboa, que se encontra na cidade de João Pessoa, no nordeste do Brasil. Trabalho para que o povo volte a ser protagonista da ação evangelizadora, que deve passar por conscientizar-se de como é a sociedade em que estamos imersos. Nosso trabalho parte do conhecimento da realidade urbana para detectar os desafios da evangelização e buscar como dar uma resposta ao mundo em que estamos vivendo. Aqui em João Pessoa temos muitos problemas sérios de violência, prostituição infantil, pessoas vivendo na miséria... A questão é como dar uma resposta a tudo isto.
Por que o povo vêm à sua missa.
- Acredito que o povo vêm porque se identifica com o que o padre diz. Aqui mostramos um tipo de religião que não é a da culpa e condenacão, e sim aquela que busca mostrar o humano que Deus é e como nos compreende e perdoa. O povo busca sinais de esperança e não aceita mais a culpabilidade, o pecado e o inferno, ninguém continua suportando isto. Na nossa paróquia superamos isto porque nossa tarefa não é culpabilizar às pessoas pelos seus erros, ao contrário, Deus ama de forma incondicional a pessoa que comete erros. Eu acredito que consigo transmitir isto, o povo vêm porque comulga com o que digo, os que não estão de acordo vêm justamente para saber “O que ele vai dizer desta vez?”. Tem gente que me confessou que vem não porque goste da Igreja e sim porque quer ouvir como se aplica o evangelho à realidade do cotidiano. Esta forma, digamos moderna de interpretar a Bíblia atrai muita gente. Também existem os que se escandalizam, como dizia antes.
Nosso trabalho de evangelização é muito crítico, nesta paróquia não quero ovelhas submisas que sigam o pastor, quero protagonistas, pessoas conscientes de seus deveres e obrigações. Eu desejo que o povo desta paróquia seja protagonista, inteligente, crítico, que questione, que se for necessário seja revolucionário,… é este o tipo de pessoas que a paróquia deseja conseguir.
Religião e violência.
- Quando a religião é intolerante e prepotente contribue para a violência. Lamentavelmente ainda existem guerras religiosas, basta ver o que está ocorrendo no Iraque, que é uma nova cruzada, não com espadas como antigamente e sim com novas armas, com bombas, aviões,… porque Bush pensa que é a personificação do bem e que Iraque e o Islã são do mal. Porém a religião que produz guerras é uma religião doente, patológica,… não serve para o ser humano porque o papel da religião tem que ser ajudar-lhe a viver melhor neste mundo.
ó wal !!!
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05 de JULHO de 2010
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