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05 de JULHO de 2010
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terça-feira, 11 de dezembro de 2012
A seca de perto
Gente, no último final de semana estive na cidade de Itaporanga (alto sertão paraibano), fui ver a seca de perto. Estive no Sítio da Vaca Morta (nome bem sugestivo)dos familiares do meu grande amigo ZEUGLIS ALVES (muito conhecido na cidade). Bom, desde que botei o pé na estrada na última sexta-feira, percorri 420 quilômetros até Itaporanga. Até Campina Grande o mundo é uma coisa só, de Campina em diante é outro. Até Campina, uma espécie de céu, de Campina pra lá o inferno encardido, seco, rachado, quente, poeirente, desalentador. Os açudes que não secaram, estão numa peínha de nada, quase sem, sem água, quase sem vida. Os animis bebem a lama e lambem o chão catando o resto da grama para não morrerem. Depois de Juazeirinho, entrando pra Taperoá, a primeira tristeza. Aquele açudão que enfeitava a paisagem minguou. Agora é só um risco de água no chão. O resto se foi com os raios de sol. O gado está magro, só couro e osso. Se não chegar ração, logo, logo vai enfeitar as estradas com suas carcaças. Na saída de Taperoá rumo a Desterro, a segunda tristeza: o outro açude, o enorme, aquele que atravessava a estrada e se transformava em dois, também está se indo. No leito ainda tomado de capim, as vacas disputam espaço com os urubus, eles comendo mato, os urubus devorando carniça. Vagando pelo asfalto quente, mulheres carregando crianças nos quartos, homens perambulam com carros de bois catando resto de pasto para o rebanho, o mato seco transforma a paisagem num lugar de morte, nem a palma resiste, murcha e morre sobre a terra. Vi cruzes plantadas nas margens da estrada sinalizando que ali morreu gente. Trata-se de um hábito antigo do sertanejo, marcar o lugar onde alguém morreu de tragédia. Elas aumentaram de quantidade, estão por toda parte, por todo canto, em todos os tamanhos. Por todos os lugares onde passei, até chegar no Sítio da Vaca Morta, a imagem é uma só: o céu limpo, sem nuvens, o tempo quente, sem vento, o mato seco, sem vida, o gado magro, morrendo, o sertanejo ossudo, com fome, a criança faminta, sem esperança e a mãe desgarrada, impotente. E a caravana de carros pipas subindo e descendo ladeiras, levando água com gosto de barro para o abastecimento das comunidades, é um espetáculo que, em vez trazer esperança, mostra apenas a realidade eterna do sertão, que é aquela de tratar o drama da estiagem com paliativos. Ó Wal!!!
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