Do Livro: Se Essa Rua Fosse Minha - Volume I
Segundo o nobre humorista, o eterno menestrel Jurandyr Chaves ou Juca Chaves, Cabaré é o local onde se encontram os menininhos maus das famílias boas, com as menininhas boas das famílias más, ou seja, os menininhos que não fazem nada com as menininhas que fazem de tudo. Também chamado de lugar das mulheres de vida fácil... Coitadas, que vida que elas levam. Não é nada fácil. O Rói, depois que deixou de existir na Rua das Flores, passou em definitivo pra o início da Rua João Firmino Gomes (Rua da Várzea); de nada adiantou a tentativa do prefeito Abraão Diniz de querer transferi-las para a periferia da cidade, nas proximidades de onde atualmente funciona Escola Normal Francelino de Alencar Neves e o DETRAN. O “Ríi de Abraão” ficava na Rua João Silvino da Fonseca, hoje, praticamente um polo educacional. Contam que Abraão, pressionado pelas beatas da cidade, capitaneadas por sua esposa, Dona Francisca Laranjeira Diniz, que fizeram uma campanha para tirar as mulheres do centro da cidade; pediu ao governador da época, dinheiro e condições para fazer um novo Cabaré, fora da cidade, o governador prometeu ajudar e mandou vir um engenheiro que ao chegar aqui, perguntou como o prefeito queria a obra. Ele então, na sua inocência, disse: - Me faça um projeto com quartos de um lado e do outro, frente a frente e no meio uma rua larga, que dê para passar um bêbado brigando e com uma faca na mão... Este é o motivo de uma artéria periférica ter essa grande largura. A Zona do Baixo Meretrício, que foi inicialmente comandado por Rosa de Chico Nitão e suas irmãs, Nêga e Neném, cuja casa de “recurso” ainda esta de pé, é aquela edificação que fica no meio da rua e pertence ao mecânico e comerciante João Cabral. O que resta da zona boêmia é muito pouco, os tempos áureos do bar Porta Aberta, ficaram só na saudade, nos tempos em que a polícia, em seu jeep Willys, depois de tirar as balas de um revolver, usavam-no como um apito característico, avisando a todos que o “Ganga” estava fechado; quem estava dentro não saia e quem estava fora não entrava. Tempos em que os homens de Misericórdia, iam lá para dançar, beber e se divertir com as mulheres, era lá que nosso conterrâneo Danúbio, tocava muito o seu pandeiro. Hoje em dia está muito diferente, poucas são as casas que ainda praticam esse tipo de comércio, atualmente, o predomínio é de oficinas de automóveis, madeira e serralharias. Outra estória interessante sobre o “Frejo”. Me contou meu tio Esmerino. Ele disse que Luiz Guimarães, queria permanecer no Rói, mas temia em ser visto por alguém, perguntou então como era o nome daquele rapaz que lá estava e não dava tréguas para que ele, Luiz, ali ficasse, foi que alguém respondeu: - É Prejo (Pergentino Lúcio), filho de Mestre Zé Lúcio. Luiz então brincou: - Eu “só estou” é mestre Zé Lúcio, um homem tão inteligente, botar um nome desse num filho. Frejo. Isso é nome de gente! Fizeram sucesso e ganharam, a duras penas, a vida neste local: Rosa de Chico Nitão, Nega, Neném, Penha, Maria Maia, Marta Barista (que hoje é nome de rua), Alaíde, Fedê, Mineira, Zefa Corró, Adriana (uma bela mulher), Damiana, Raimunda e Judite, entre tantas outras que ali vinham somente por algum tempo, só dar a “feira”. Eu já fui vizinho de “bunda” das “primas”. Tempos em que tinha uma loja e nela morava. Vizinho a mercearia de Zé de Amâncio e ao lado da casa de Raimunda, que tinha um bom gosto incrível, sempre me acordava aos domingos, com as músicas de Raul Seixas ou canções da “Jovem Guarda”. Vale lembrar aqui também de Judite, uma era pessoa de ouro, quando eu não tinha programa para o domingo ela dizia: - Compra um litro de Run, la em Zé Amâncio, que eu dou as cocas e o tira-gosto. Fazíamos a festa. Vários eram os litros de rum. Ó Wall!!!
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05 de JULHO de 2010
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