Por: Michel Zaidan Filho
Os eventos ocorridos na sexta-feira e a condução "coercitiva" do ex-presidente Lula à Polícia Federal, em São Paulo, contribuíram para tirar qualquer dúvida na natureza policial que está sendo dada à crise política no Brasil. Ninguém duvida de que estamos no epicentro de uma aguda crise de governabilidade, que aliás alimenta a crise econômica que ora atravessa o país. Há como que uma ação combinada entre os presos da Operação-Lava Jato, suas presumidas delações premiadas, os vazamentos seletivos para a imprensa e as ações (ou etapas) da operação policial. O esboço da delação premiada do senhor Delcídio Amaral estava pronto desde de dezembro, e no entanto só foi publicada na véspera da 24a. etapa da Operação lava-a-Jato. E entregue à revista semanal Isto É, não à Veja ou Época, porque estas últimas costumam antecipar matérias pela internet.
Há algo de orquestrado nessa ação. Não se emite um mandado de condução coercitiva para proteger ninguém, mas para coagir alguém. Ao que se sabe o ex-presidente não se negou a ir depor na Polícia Federal. Mas pediu para falar com o seu advogado, antes. Se a oposição e os setores golpistas desse país acham que deram um tiro certeiro na direção do enfraquecimento político de Lula e no fim antecipado do mandato da Presidente Dilma, podem ter se equivocado redondamente. Até ontem, a crise estava restrita ao judiciário e ao Legislativo. Hoje ela pode se tornar uma crise social, mobilizar muitas pessoas e movimentos a tomar posição e ocupar as ruas para lutar pelo que acreditam. O caminho do quanto pior, melhor - que há muito tempo a oposição vem trilhando no Brasil - pode gerar um efeito político indesejado para aqueles que vivem a semear ventos, mas não querem colher tempestades. As vivandeiras dos quartéis, os pescadores de águas turvas e os candidatos a messias, podem ser tão prejudicados, com a sua pregação golpista, quanto a sociedade brasileira. Faz tempo que não se vê uma agenda positiva no Congresso, que possa unir o país e tirá-lo da crise. Mas as cantilenas dos partidos da oposição podem sim entornar o caldo e preparar o ambiente para a quebra do compromisso democrático. Não podemos viver debaixo de uma ditadura do Judiciário, nem da Polícia Federal. É preciso que se restabeleça a boa fé e a veracidade dos agentes políticos na sociedade brasileira. O processo de desconstrução permanente das instituições e seus membros só favorece a interesses escusos, que não ousam mostrar a sua cara. Ó Wall!!!!
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05 de JULHO de 2010
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