INAUGURAÇÃO DO BLOG

05 de JULHO de 2010

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AUTOR DO BLOG

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Estervalder Freire dos Santos - Ó Wall; sou blogueiro desde 2010. Terminei o Ensino Médio em 1988, não tenho Ensino Superior, Criei o Blog Só Pudia Ser Ó Wal com a ajuda dos amigos: Cristiane Sousa, Ibermon Macena, Jackson Douglas, Junior Cunha e Rodrigo Viany. Sou totalmente eclético só para expor minhas ideologias.... O blog possuí muitos textos, mas nada especifico, acredito que sejam um pouco de tudo e pouco do nada, mas também há outros. Divirta-se.

sábado, 1 de junho de 2013

O Senhor Computador

Acabo de perder a crônica que havia escrito. Sequer tenho onde reescrevê-la, além desse caderninho onde inclino com mãos trêmulas uma esferográfica preta, desenhando garranchos que não vou entender daqui a meia hora. Explico: tenho, para uso próprio, dois computadores. E hoje os dois me deixaram órfão, fora do ar, batendo pino, encarando o vazio de suas telas obscuras. A carroça de mesa pifou depois de um pico de energia. O portátil, que muitas vezes levo para passear como um cachorrinho
cheio de idéias, entrou em conflito com a atualização do antivírus e não quer “iniciar”. O temperamental está fazendo beicinho, e não estou a fim de discutir a relação homem máquina com ele. Farei isso, pois, com os leitores. Tenho consciência
de que a crônica sobre as agruras do escritor com computadores indolentes virou um clichê, um subgênero batido como são as crônicas sobre falta de ideia. Mas não tenho
opção que não seja registrar meu desalento com as máquinas nos poucos minutos que me restam até que a redação do jornal me telefone cobrando peremptoriamente esse texto. E registrar a decepção comigo mesmo – com a minha dependência estúpida do computador. Não somente deste escriba, aliás: somos todos cada vez mais subordinados ao senhor computador. Vemos televisão no computador, vamos ao cinema no computador, fazemos
compras no computador, amigos no computador. Música no computador. Trabalho no computador. Escritores mais graduados me confessam escrever somente a lápis. Depois de vários tratamentos, passam o texto para o computador, “quando já está pronto”. Faço
parte de uma geração que não apenas cria direto no computador, mas pensa na frente do computador. Teclamos com olhos dilatados e dedos frementes sobre a cortina branca do processador de texto, encarando uma tela que esconde, por trás de si, um trilhão de outras janelas, “o mundo ao toque de um clique”. Nada mais ilusório. O que assustou por aqui foi minha sincera reação de pânico à possibilidade de perder tudo – como se a
casa e a biblioteca pegassem fogo. Tenho pelo menos quinze anos de textos, cinco mil fotos e umas dez mil músicas em cada um dos computadores – a cópia de segurança dos arquivos de um estava no outro. Claro, seria impossível que os dois quebrassem – “ainda mais no mesmo dia!” Os técnicos e entendidos em informática dirão que sou um idiota descuidado. Eles têm razão. Há outro lado. Se nada recuperar, vou me sentir
infinitamente livre para começar tudo de novo. Longe do computador, espero. Ó Wal!!!

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