Por: António Guerreiro. Continuando...
“O homem moderno — do genus totalitário — nada na mentira, respira a mentira, é prisioneiro da mentira em cada instante da sua vida”), mas a dois outros factores: em primeiro lugar, os políticos passaram a exercer a sua actividade num palco, estão sempre expostos e em plena representação (raramente fogem ou evitam na medida do possível essa condição porque aquilo de que são escravos é também o que lhes dá poder e capital simbólico); em segundo lugar, a política tornou-se uma especialidade técnico-gestionária que tem como meio os números e uma imensa série de dados que só podem ser uma de duas coisas: ou são verdades de facto ou são falsidades. A mentira em política já não é a “inverdade” que estava a meio caminho entre as ilusões da ideologia e as mentiras factuais. E, por isso, começou a tornar-se matéria para uma acusação deste tipo: “O senhor, que é meu par, é mentiroso”. Quando a política tinha uma dimensão ideológica e era sobretudo uma política das ideias, a mentira predominante, aquela em nome da qual se praticavam quase todas as outras, era a mentira da ideologia. Refiro-me ao conceito marxista de ideologia que, se não coincide inteiramente com a mentira e o erro, conduz-nos, pelo menos, para o lugar de uma não-verdade, para um véu que encobre a realidade. O que há então de novo, nesta questão da mentira política, é que passou a ser difícil, nas acuais circunstâncias, defender concepções substancialmente estéticas da política, como a de um teórico completamente anti-ético como Carl Schmitt, porque o triunfo da mentira de facto, aquela que autoriza a que se diga a um político que ele é mentiroso, não trouxe apenas consigo este rebaixamento da política ao discurso de gente mentirosa; caucionou também o seu contrário, uma ideologia ética de uma pobreza constrangedora. Ó Wall!!! FIM
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05 de JULHO de 2010
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