Por: Michel Zaidan Filho
Os gregos – que eram sábios – separaram como ninguém o espaço da pólis (política) do espaço do óikos (casa). Fizeram isso para não contaminar o espaço da política com os interesses comezinhos da luta pela sobrevivência. Como dizia o filósofo, um homem que precisa dedicar grande parte de seu dia ao trabalho, não era livre. Só os que podiam se dedicar inteiramente aos negócios públicos, desinteressadamente, podiam ser chamados de cidadãos. Essa desconfiança da mistura entre política e interesses se manifestou, mais tarde, no pensamento da Hannah Arendt que chamou os parlamentos modernos de praças de negócio, comandadas pelos simples interesses: e não pelo bem comum. Daí pensar a dignidade da política, como uma” vita contemplativa”, distanciada do vil interesse material. Seu primo, Walter Benjamin foi mais além: negou-se terminantemente a conceder à política moderna qualquer propósito sensato, concebendo-a como um mero discurso estratégico, submetido sempre à uma vontade de poder. Foi preciso recorrer à linguagem e aos atos retóricos para pensar a política como a arte do diálogo, da comunicação, do entendimento mútuo, à serviço da libertação (Habermas). Hoje, a inevitável judicialização da política acabou com as belas promessas do discurso político e entregou aos juízes a decisão sobre o certo e o errado do mundo político, deslocando a sua racionalidade para o interior das cortes. Ó Wall!!! Continua...
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05 de JULHO de 2010
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