As manhãs de MÔNICK

Hoje pela manhã, como de costume, acordo às 04:50 e antes de sair para trabalhar, sempre visito o quarto das minhas duas filhas. Considero uma espécie de ritual sagrado de todas as manhãs: chego na cama da Márjory (7 anos), beijo sua testa e a cubro, depois me dirijo ao berço da Mônick (11 meses), chego bem perto de seu berço, ajeitar sua coberta com cuidado, ai ela acorda! Não tem jeito, troco sua frauda, preparo sua mamadeira matinal com carinho para que ela não se desperte, não tem jeito!. Passo então minhas mãos, algumas vezes, sobre seus cabelos macios, e digo em pensamento: “Como eu te amo!”. Ele normalmente me agradece com um lindo sorriso com suavidade, como se reagisse de alguma forma ao estímulo externo durante o sono. Coloco-a com a mamãe para mamar e continua ali, em silêncio, em paz, preparando seu corpinho para mais uma cochilada antes de ir ao berçário e sua alma se prepara para mais um dia de descobertas felizes. Despeço-me, procurando não fazer ruídos, beijo seu olhinho e saio porta afora com a alma leve, pronto para enfrentar mais um dia no mundo. Da próxima vez que eu as ver, mais tarde, será 19:00 horas e elas já estarão despertas, correndo pela casa, brincando, e irão me conceder mais uma alegria: a de receber seu sorriso, que sem dizer nada, diz tudo. Por mais que alguns dias sejam difíceis, por mais que as batalhas sejam ferrenhas e desgastantes, tudo se acalma, tudo se conforta naquele sorriso. Os sorrisos das crianças têm um poder quase mágico, e os de nossos filhos mais ainda. Elas parecem querer nos fazer perceber que, por mais que a vida seja tormentosa, cheia de pequenos e grandes espinhos que provocam dor, muita alegria ainda existe. Por mais que neste exato instante existam “n” pessoas desejando não mais viver, se enfraquecendo nas lutas, desejando desistir, existem outras tantas almas agradecendo pela vida, num júbilo contagiante. E tenho certeza de que “ser pai” é mais um desses motivos de alegria plena, de gratidão a Deus, e mais uma das muitas razões que temos para continuar sempre, sem desistir. Minhas filhas e as manhãs me ensinam sempre esta lição preciosa, a da renovação, do renascimento da água e do Espírito. Muitos pais se queixam de não terem visto seus filhos crescerem. Passa tão rápido! Não se lembra mais! – são expressões que ouvimos com frequência. Será que estamos atentos aos nossos filhos como deveríamos estar? Será que passa tão rápido assim, a ponto de guardarmos tão poucas lembranças? Ou há alguma coisa errada com o tempo, ou há alguma coisa errada conosco. Seria tão bom poder ouvir de um pai, de uma mãe: Lembro-me de cada nova conquista, de cada dia da infância, de cada nova palavra... Seria tão bom poder ouvir: Curti cada dia ao seu lado, minha filha, quando você era pequenina, como se fosse o último. Não perdi oportunidade alguma junto a você. Aproveitemos o tempo junto a eles, em qualquer idade, em qualquer condição de vida. Curtamos a existência ao seu lado, anotando no coração cada beleza, cada nova descoberta, tirando fotografias com a alma – registrando no íntimo do ser cada sorriso em seu rosto. Ó WAL!!