Por: Cláudia Bandeira
Morreu, faleceu, bateu as botas, foi pra terra dos pés-juntos, comeu capim pela raiz, vestiu paletó de madeira, esticou as canelas, finou-se, bateu a caçoleta... e por aí vai. Essa é uma maneira humorada de chamar ela, a morte... se é que existe algum humor em morrer. Para os mais “estudados” falecer significa morrer, para os que acreditam na sobrevivência do espírito, desencarnar seria o termo correto, para alguns menos letrados “bateu as botas” e os mais otimistas “Partiu desta pra melhor”. Ela, a danada, também é representada por uma figura esquelética, que veste um manto preto com capuz e carrega uma gadanha...Ui! Essa imagem foi inspirada na figura greco-romana de Hades, deus grego do mundo inferior. Já o “Ceifador Sinistro” é invenção do ocidente e “Caetana” é o nome que o paraibano Ariano Suassuna carinhosamente deu à morte, ele preferiu encará-la como uma mulher muito bonita, mas que não tinha pressa de conhecê-la. E pra você? Como se chama a morte? Ora, mas a morte não se chama, se não ela vem... O correto é dizer: Que nome tem a morte para você? Anjo da morte? Diabo da morte? Ou ainda anjo da escuridão ou da luz? É assim que eles chamam a dita cuja lá pras bandas do oriente... Mas, onde está a morte? Há quem diga que começamos a morrer logo que nascemos, então pra que nascer? Vivemos numa contagem regressiva, é? Talvez seja mesmo como disse Nercinda Heiderich: “Tudo que respira, expira”.
Edna St. Vicent, poetisa americana, se referia à morte nessas circunstâncias:
“Não me resigno quando depositam corações amorosos na terra dura/ É assim, assim será para sempre/Entram na escuridão os sábios e os encantadores./ Coroados de lírios e louros, lá se vão: mas eu não me conformo./Na treva da tumba lá se vão com seu olhar sincero, o riso, o amor/vão docemente os belos, os ternos, os bondosos/vão-se tranquilamente os inteligentes, os engraçados, os bravos./ Eu sei. Mas não aprovo. E não me conformo.” Para a cronista Marta Medeiros, morrer é ridículo “morrer é um chiste, obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém... Você que deixou sua toalha úmida no varal, também algumas contas... Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu...” Mas assim é a morte, uns a encaram como o fim de tudo, outros como o começo de tudo, quem morre aqui, nasce lá... lá onde, hein? No outro mundo ou lá onde se come “capim pela raiz”, se reintegrando à natureza? O interessante é que a única certeza que temos na vida é a morte, ela de novo. A morte faz parte da vida, faz parte de uma energia maior, contra a nossa vontade ela invade as nossas casas e levam as pessoas que mais queremos, que mais amamos... Acho que por isso ela é tão feia como o Ceifador Sinistro... Mas, e se fosse tão bonita como a Caetana de Suassuna? Se ela fosse elegante, suave, faceira, você iria mais feliz? Não é difícil para um espírita dizer que a morte não existe, que a vida continua e que nunca deixou de ser, que o espírito sobrevive e pode viver até melhor do que quando encarnado... Difícil é aceitar quando isso acontece, aí todos os nomes engraçados que foram dados a ela desaparecem e a piada perde a graça. Seria a morte um chiste? Ou seria o interessante começo de uma nova vida? A resposta fica a cargo de vocês. Ó Wall!!!
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05 de JULHO de 2010
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