O Presente Perdido!

Ele corria, corria, corria, como se nada nem ninguém jamais pudesse estar em seu caminho. Eu havia o dito que escondera seu presente em algum lugar da casa, e que demoraria para encontrá-lo, inclusive; porém minhas palavras de nada o desanimaram, e pude ver em seus olhos, que num só instante brilharam, que facilmente descobriria o esdrúxulo esconderijo que levara meses para pensar; desde então apenas corria, corria e corria, procurando em todos os andares, debaixo de todas as coisas e em todos os quartos da casa. Ah Pedro era astuto demais! Sentei-me, para esperar, em frente à nossa árvore, que este ano, estivera mais impecável do que em todos os outros anos. A casa se enchia de familiares e amigos, a porta não parava de vomitar convidados, e assistir à aquilo tudo enchia-me o coração de alegria. Era lindo! E Pedro ainda corria, com suas perninhas de sete anos de idade; anunciava à todos sua interminável busca pelo "presente perdido", era como o chamava! "Eu vou encontrar, vocês vão ver!" - gritara com sua fina voz enquanto subia as escadas. Os convidados conversavam sobre seus desejos, alegrias e expectativas para o próximo ano. Dei uma leve suspirada e percebi que estava muito feliz assistindo à tudo aquilo, afinal, a felicidade nada mais é do que o conjunto de pequenos momentos, e aquele era um pequeno momento feliz memorável! Assim como deveria ser em todas as ocasiões do dia a dia, não é verdade? Não, devo-lhe advertir; não deveria ser... porque ainda pode ser! Tal verbo ali não se encaixa! É possível encontrar felicidade em tantas poucas coisas, que certamente tu ficarias surpreso se percebesse! E ainda podes perceber! Observe os pequenos detalhes da vida, o "Bom dia" que alguém lhe der, ou o sorriso de um desconhecido na rua, o cantar dos pássaros ou a beleza da natureza. São pequenas coisas que nos fazem realmente felizes! Pois afirmo-lhes, o certo seria fazer como Pedro... correr, correr e correr atrás do nosso "presente perdido", ou a felicidade, chame-a como quiser, mas busque-a! Pois, digo-lhes, Pedro encontrou seu presente debaixo de algo tão simples, uma escrivaninha, olha só; imagine então a simplicidade que esconde-se tua felicidade! (Elcimar Reis). Ó Wall!!!