Por: ROBERTO ALMEIDA - jornalista. Continuando...
Um dos pacientes que mais preocupava todos, na enfermaria 505, era um jovem moreno conhecido como Marcinho, que tinha sido vítima de um acidente de moto. Ele estava muito ruim quando chegou. Sem falar, se alimentando somente por sonda e com os movimentos dos braços e pernas prejudicados. A mente também não parecia muito sã. Seu estado de saúde era tal que sua mulher Silvia quando estava de acompanhante às vezes perdia a paciência. Ninguém imaginava que Márcio fosse sair ileso daquele hospital, porém o rapaz surpreendeu médicos, enfermeiros, companheiros da enfermaria e a própria família quando começou a se recuperar, principalmente quando falou a primeira vez proporcionando uma grande alegria a moça que o acompanhava neste dia, não lembro bem, mas acho que ela era sobrinha dele ou da esposa. Ainda fiquei no hospital a tempo de ver Marcinho ter alta. Saiu andando, lúcido, sorrindo, com a cabeça que quase tinha sido destroçada no acidente completamente curada, inteira. Era uma felicidade, para nós que estávamos ali, impacientes por não poder sair para canto nenhum, ver um companheiro ser liberado, voltando para casa comemorando o “milagre” de continuar vivo. Eu ficava imaginando quando poderia também sair e rever minha casa, meus filhos, os irmãos e mamãe. A saudade era grande demais, mas naquele local não dava nem para ficar pensando muito nos familiares. E ainda mais que eu ainda iria passar pela maior cirurgia, que inspirava cuidados e os médicos deixavam isso muito claro. Antes de poder voltar a uma vida de verdade teria que suportar mais algum sofrimento no imenso Hospital da Restauração. Enquanto o dia de comemorar a liberdade e a cura não chegava seguíamos uma vida comunitária naquela sala grande ocupada por oito leitos. Conversávamos, brincávamos, sorríamos, trocávamos ideias, fazíamos planos. Ninguém ali pensava em morrer, se despedir deste mundo. Estávamos ali exatamente para ser curados e seguir em frente, pois a doença, a prisão temporária num leito de hospital, deixa muito claro o quanto a vida é boa. E todos estavam a fim de viver por inteiro, sem nenhum espaço para amargor ou tristeza. Ó Wall!!! (continua...)
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05 de JULHO de 2010
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