Por: Paulo Rainério Brasilino
Provavelmente, ao começar a leitura você pensou em um apartamento tríplex de um certo Condomínio Solaris, à beira-mar do igualmente famoso – e caro – Guarujá. Em verdade, o que aqui se pretende é falar do filme Se meu apartamento falasse, produzido em 1960, um grande sucesso de público e de crítica. Basta dizer que ele foi premiado com os Oscares de melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor montagem… A história é banal, tanto quanto a de qualquer pessoa que de tudo faz para alcançar o sucesso, seja ele econômico, artístico, político ou tudo isso junto. Em síntese, aquele tipo de pessoa disposta a tudo para galgar melhores posições, inclusive emprestar o apartamento em que mora, para os diretores da empresa realizarem seus encontros extraconjugais. Dizem os analistas que o filme é uma crítica ao capitalismo das empresas em que, para se ter sucesso, é preciso ter falta de escrúpulos. Apesar de tanto sucesso, uns reputaram o filme como imoral, enquanto outros o consideraram simplesmente realista.
Mas já que no começo você pensou que se tratava daquele apartamento do Condomínio Solarias, façamos um exercício de imaginação: o que ocorreria se ele falasse? Diria muito da empreiteira OAS, alvo da Operação Lava Jato, que pagou a reforma que custou R$ 777 mil? Isso mesmo, uma simples reforma… Simples é força de expressão. O que você quer? A reforma abrangia novo acabamento, além de uma outra piscina, mudança da escada e instalação de elevador privativo que só ele custou mais de R$ 60 mil. Ah, se aquele apartamento falasse… Certamente diria quantas vezes foi visitado pela família do ex-presidente e diria, ainda mais, quem dava as ordens, e ao gosto de quem a reforma atendia. Como apartamentos não falam, e se falassem ficariam ruborizados, o jeito é aguardar o fim das investigações. Ah, se ele falasse, talvez pudesse dizer que o apartamento não pertence ao ex-presidente, porque ele, como se sabe, é um homem de palavra, e certa vez prometeu: “Quando eu deixar a Presidência vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato que me projetou na política [chorando] o que vai mais me dar orgulho é que vou poder acordar de manhã e olhar para qualquer trabalhador e dizer para ele ‘bom dia, companheiro.” É óbvio que ele dificilmente encontrará um operário veraneando no Guarujá. Ó Wall!!!!
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05 de JULHO de 2010
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