Pois foi gente, segundo o Blog do Tião Lucena, foi comemorado no último dia (7) o Dia do Jornalista. Bom, o Dia do Jornalista. Jornalista tem dia, vocês podem até não acreditar, mas tem. A comemoração aconteceu ontem, terça´-feira. Comemoração pífia, resumida a alguns registros nas redes sociais, feitos pelos próprios, alguns exibindo seus diplomas como troféus, outros destilando o ódio ressentido que carregam no coração pela carreira frustrada. Não se ouviu discursos em Assembleias, em Câmara Federal ou em Senado.Somente isso é o que merece o jornalista que promove o figurão, dá-lhe régua e compasso e por vezes expõe ao distinto público o seu comportamento pouco recomendável. Faço parte da velha guarda.Sou dos tempos da Oliveti, do papel amassado posto na máquina de datilografia para a redação da notícia. Sou mais de longe: fiz parte do time que caminhava pelas ruas mal calçadas de nossa cidade catando notícia, gastando o solado do Cavalo de Aço na disputa pela manchete do dia, pelo furo de reportagem. Venho de longos caminhos.A maioria dos meus contemporâneos já se aposentou. Quem não o fez, continua no batente por falta de opções. Nós integramos o time dos mal pagos, dos incompreendidos e até mesmo dos ameaçados. Fomos sim, ameaçados, quando não agredidos. E intimidados também. Quantos processos nas costas, quantas ameaças de morte, pistoleiros rondando as nossas portas nas horas noturnas, surras dadas em companheiros que se atreveram a dizer verdades que incomodaram os poderosos. Os hematomas podem até ter sumido,mas permanecem na alma de gente do bem que escreveu pensando no bem coletivo e quase sucumbiu debaixo das pancadas desferidas por punhos de encomenda. Mas também fizemos parte do time dos boêmios, dos românticos, dos poetas.Boêmios que varavam as noites em tertúlias etílicas pelos bares da cidade. Que reuniam os tostões pagos em forma de vale para gastar na fava de Efraim, no Grande Ponto de Seu João, no 2113 de Evilásio de Andrade ou até mesmo no cabaré de Madame Lurdes Fodinha, que tinha em Anacleto Reinaldo seu respaldo de amor e de segurança pública,mas abraçava a todos, aos quais chamava de cunhados, pois os colegas do seu amado eram considerados família, irmãos e, portanto, cunhados da ilustre anfitriã. Muitos caminhos foram percorridos, quilômetros de estradas viajados, o ontem transformado em saudade no hoje nada parecido com o dia que passou. Quantos já se foram, partiram para o andar de cima e sequer mereceram um nome de rua! Logo eles , que em vida foram tão paparicados. Pedro Moreira, Abmael Morais, Jair Gomes de Santana, Paulo Rosendo, Natanael Alves, Arlindo Almeida, Bil Galinha, Djaci Lima, Cecilio Batista, Oduvaldo Batista, Zé Souto, Coquinho, Ivan Apremont de Lucena, Deodato Borges, Williams Tejo, João Bosco Gaspar,Luiz Otávio Amorim... E outros tantos, tantos outros, incontáveis outros, que se fosse para citar aqui dava para encher um compêndio, habitam hoje a Rua da Saudade, sem número, no campo santo do esquecimento, alguns deles sem o direito sequer a uma mísera cruz com o seu nome estampado e a data em que se foi informada.
Agora comigo: Bom, Dia do Jornalista?! É, temos um dia no calendário do ano. Resta saber se vale a pena comemorar. Ó Wall!!!
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05 de JULHO de 2010
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quarta-feira, 8 de abril de 2015
Dia do Jornalista
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Unknown
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14:46
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